Apesar das chuvas que começaram a cair ontem em vários municípios da
Paraíba, a estiagem, que já levou 170 municípios a decretar situação de
emergência, pode se repetir pelo menos mais três vezes nos próximos 20
anos. A afirmação é do professor e cientista Luiz Carlos Baldicero
Molion, que apresentou uma palestra sobre “Previsões Climáticas para a
década 2012/2022”, na tarde de ontem na Assembleia Legislativa da
Paraíba.
A meteorologista da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da
Paraíba (Aesa), Marli Bandeira, não confirma a previsão. Segundo ela, a
agência trabalha apenas com previsões trimestrais. “A previsão para os
próximos três meses é de chuvas normais a abaixo de normais”, afirmou.
Contudo, o cientista Molion é enfático ao afirmar que este ano não deve
chover mais nos municípios do Agreste e Cariri paraibano. “Perdemos a
estação chuvosa e na maior parte do Estado choveu muito pouco. Apenas no
Litoral ainda chove este ano e talvez as chuvas se prolonguem até
agosto. O restante do Estado vai ter de conviver com um período de seca
até o ano que vem”, declarou. Todavia, ele alerta que não há como prever
em quais anos a estiagem deverá ocorrer, mas relaciona o evento
climático ao fato de o Oceano Pacífico estar com temperatura considerada
fria.
Ainda de acordo com o cientista, a falta de chuvas também deve provocar a
elevação das temperaturas no Estado. “Em média, as temperaturas devem
subir entre 1ºC (Celsius) e 2ºC. No Sertão, a temperatura, que chega a
38ºC, pode subir para 41ºC, nos períodos de seca”, explicou. O
especialista salientou ainda que no período de inverno, entre junho e
agosto, o frio deverá ser mais intenso do que nos anos anteriores. “Nos
próximos 20 anos, a amplitude de temperatura deve ser maior, ou seja, a
diferença entre a temperatura máxima e a mínima vai aumentar, comparado o
período de 1976 a 1998.
O professor ressaltou que a seca existe, mas é viável conviver com ela,
inclusive tirar proveito desse tipo de clima. Para isso é preciso aliar
obras de infraestrutura e tecnologia a culturas viáveis às condições
climáticas da região Nordeste. Entre as soluções ele citou a construção
de adutoras em municípios maiores e o uso de cisternas associadas a
dessanilizadores em pequenas cidades. Além disso, sugeriu o cultivo de
frutas como pinha, goiaba e uva na região.
CHUVAS
Segundo a Aesa, deve chover hoje em todas as regiões paraibanas,
principalmente no Litoral, Brejo e Agreste, que terão máxima de 31°C e
mínima de 19°C. Segundo a meteorologista Carmen Becker, essas são as
primeiras chuvas do setor Leste do Estado. A partir de agora, as chuvas
serão mais frequentes, mas permanecerão irregulares, variando de normais
a abaixo da média. “O período chuvoso dessa parte do Estado acontece de
abril a julho, mas este ano houve um atraso de quase um mês”, disse.
A meteorologista explicou que o ano passado foi extremamente atípico,
com chuvas acima da média histórica e que, por esse motivo, não se pode
comparar o mesmo período, de 2011 com o de 2012. No leste paraibano, a
previsão é de tempo nublado com ocorrência de chuvas esparsas para hoje.
A máxima será de 31°C e mínima de 23°C, para o Litoral; máxima de 29°C e
mínima de 19°C, para o Agreste; e máxima de 29°C e mínima de 20°C, para
o Brejo. Nas demais regiões a previsão é de ocorrência de chuvas
isoladas.
JP Online
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